Pedro Baptista: Ciclo de conferências sobre Lúcio Pinheiro dos Santos
From: 2010-03-11 To:2010-03-25
Thematic Line
Modern & Contemporary Philosophy
Ciclo de conferências
A Ritmanálise: Lúcio Pinheiro dos Santos e Gaston Bachelard
11, 17 e 25 de Março de 2010
18h30 | Anfiteatro 1 | FLUP
O grupo de investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto promove, durante o mês de Março, o ciclo de conferências ?A Ritmanálise: Lúcio Pinheiro dos Santos e Gaston Bachelard?, que será apresentado por Pedro Baptista.
A primeira conferência, intitulada ?Ritmanálise e ?La dialectique de la durée??, terá lugar no dia 11 de Março de 2010, às 18H30, no Anfiteatro 1, na FLUP.
A segunda conferência, denominada ?Ensaio de Explicitude aos Textos de 1943, de Lúcio Pinheiro dos Santos?, irá decorrer no dia 17 de Março de 2010, às 18H30, no Anfiteatro 1, na FLUP.
A última conferência, intitulada ?Saudosismo e o novo espírito científico no final da segunda guerra mundial: Lúcio Pinheiro dos Santos?, será apresentada no dia 25 de Março de 2010, às 18H30, no Anfiteatro 1, na FLUP.
[Entrada livre]
O pensamento filosófico e a personalidade de Lúcio Pinheiro dos Santos (1889-1950) é das mais curiosas, interessantes, mas também enigmáticas, de todo o panorama intelectual da primeira metade do Século XX em Portugal. Com formação de base em matemática e física, viajante intelectual por Mons e Paris, frequentando os cursos de Bergson das sextas na Sorbona por volta de 1912 e 13, ao mesmo tempo que Gaston Bachelard, combatente em Lisboa contra a ditadura de Pimenta de Castro de 1915, Professor no Liceu Gil Vicente, na capital, onde conheceu Leonardo Coimbra com quem desenvolveu grande cumplicidade no desenvolvimento filosófico das bases do pensamento criacionista, colaborador então da ?AtLântida? em temas literários, filosóficos e pedagógicos, exilado do sidonismo para o Brasil no findar de 1917, chamado por Leonardo enquanto ministro, em 1919, para conjuntamente com Newton de Macedo reformar todo o ensino superior da filosofia, num projecto de modernização e europeização radical do ensino da filosofia fossilizado nos resquícios da defunta Faculdade de Teologia, o bracarense Lúcio Alberto Pinheiro dos Santos, acaba por ingressar, com Newton, nos quadros da novel FLUP em 1919, mas, ao contrário do seu companheiro, nunca exerceu efectivamente o lugar, tendo sido deputado por duas vezes ao Congresso, acabando, pela segunda vez, por seguir para a Índia em Comissão de Serviço no âmbito da Instrução.
A seguir ao 28 de Maio de 1926, entrou de imediato em ruptura com a Ditadura e, tendo regressado à FLUP, após a revolução portuense derrotada de 3 de Fevereiro de 1927, exilou-se de novo no Brasil. É por esta altura, a partir dos anos 30 que, através de Gaston Bachelard e das últimas 23 páginas da sua ?Dialectique de La Durée?(1936) que temos conhecimento da ?edição? dos seus escritos, em vários tomos, que poderão significar apenas vários cadernos, intitulados ?a Ritmanálise? com a chancela da ?Sociedade de Psicologia e Filosofia?, Rio de Janeiro (1931).
Tanto a sua Ritmanálise que, sabemos pelas mais recentes investigações que dão corpo ao que Bachelard insinua, vai aplicar a diversos campos do conhecimento e não apenas aos referidos pelo epistemólogo francês, como o resto da sua vida plena, como sempre, de activismo intelectual, cívico e político, são um buraco negro no nosso conhecimento do pensamento português que alguns publicistas e investigadores têm vindo a levemente alumiar, desde Sant?Anna Dionísio em 1950, passando por Joaquim Domingues a partir de 2000 com trabalhos em Portugal e em França, nós próprios, Pedro Baptista, a partir dos estudos sobre Newton de Macedo em 2006 e, mais recentemente, com grande fecundidade, desde 2008, por Rodrigo Sobral Cunha.
Também as mais recentes investigações, com a descoberta de publicações até agora inéditas, preenchem parte da actividade intelectual e cívica de LPS desde 1931 até á sua morte em 1950, fornecendo indicadores de que estamos longe de terem chegado ao fim da linha investigatória.
É, todavia, o momento de preparar o conhecimento público dos novos documentos, elaborar uma sistemática da documentação existente e fazer o ponto da situação dos trabalhos e das diversas perspectivas que se colocam para o seu desenvolvimento filosófico e histórico. (Pedro Baptista)
Pedro Baptista é investigador integrado do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigador-colaborador no CEPP da Universidade Católica. É licenciado em Filosofia e doutorado na mesma área de conhecimento pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tem colaboração regular em meios de comunicação impressa ou audiovisual. De 1968 a 1971 foi dirigente estudantil, sendo co-fundador e dirigente de ?O Grito do Povo? a partir de 1971. Em 1973 foi preso político e deportado. Integrou a Mesa Nacional da Plataforma de Esquerda de 1993 a 1995. Deputado pelo Partido Socialista à Assembleia da República entre 1995 e 1999. É romancista com várias obras publicadas ("Sporá", Afrontamento, 1992; "O Cavaleiro Azul", Campo das Letras, 2001; "Pessoas, animais e outros que tais", Campo das Letras, 2006; "A Queima do cão de palha", Campo das Letras, 2008).
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