Sessão 1 | Seminários de Investigação MLAG 2022/2023
From: 2022-10-19 To:2022-10-19
Thematic Line
Modern & Contemporary Philosophy
Research Group
Mind, Language & Action
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Sessão 1
A objetividade da moral em John Searle
| Daniel Pires Nunes (Universidade de Caxias do Sul - Brasil)
Resumo: Pretendemos, com esta pesquisa, avaliar se o naturalismo biológico de John Searle oferece bases consistentes para uma moral objetiva. Para isso, trataremos dos conceitos basilares da filosofia da mente searleana. Na sequência, examinaremos como ele defende que o antirrealismo é irracional e avaliaremos porque o realismo externo é uma condição de inteligibilidade de discursos acerca de fatos dependentes da mente, bem como por qual razão é uma condição de inteligibilidade de um realismo moral. Posteriormente, abordaremos as noções de racionalidade, intencionalidade e background com o propósito de explicar que o conceito de ação humana no pensamento daquele autor é o de ser um evento complexo do qual faz parte necessariamente uma intenção-na-ação e que é por isso que uma ação sempre tem um conteúdo intencional. Da mesma forma, explicaremos que na virada linguística e pragmática do conceito de racionalidade, em Searle o que fundamenta a racionalidade prática é um elemento independente-do-desejo, mas que não é transcendental. Para esclarecer o porquê de Searle considerar que seu naturalismo não recai em falácia, examinaremos se ele foi bem-sucedido quanto às objeções sobre se se pode derivar um ‘deve’ de um ‘é’. Analisaremos então como ele explica a ontologia da realidade social tendo como chaves a distinção entre objetividade ontológica e objetividade epistêmica, bem como o conceito de intencionalidade coletiva. Avaliaremos, assim, que se toda a realidade institucional é um sistema de atribuição de funções de status que, por sua vez, são formas específicas de atos de fala, então a realidade moral também o é. Mostraremos, portanto, a partir da comparação entre o arcabouço filosófico de John Searle com o biopragmatismo moral, que fatos institucionais dependem de representação e que esta se dá através da linguagem que os constituem, bem como que a intencionalidade é anterior à linguagem, a qual é o fato social de base e parte constitutiva de todos os fatos institucionais. Por consequência, concluiremos que a linguagem é também constitutiva dos fatos morais, bem como que estes, como fenômenos linguísticos, para Searle, são ontologicamente subjetivos e epistemologicamente objetivos. Avaliaremos então que a razão prática se constitui na performance do ato de fala que não existe fora de um contexto o qual envolve tanto os fatos brutos quanto os fatos sociais e institucionais. Concluiremos que fatos morais se relacionam em rede tendo a linguagem como veículo e a intencionalidade como base incluída numa relação de historicidade. Aliado a isso, analisaremos que, para Searle, como o ato linguístico de predicar é prioritário em relação aos termos universais, surge a questão do desacordo moral. Defenderemos então que ao utilizarmos a fórmula das regras constitutivas no campo da moral de forma a cada vez mais incluir outros seres humanos de maneira equitativa, podemos reduzir racionalmente os desacordos morais entre grupos e indivíduos, o que implica o reconhecimento racional dos Direitos Humanos Universais. Enfim, a partir da tese de Searle de como é possível a realidade social, os fatos sociais e os institucionais, concluiremos que há como derivar uma moral objetiva de seu arcabouço filosófico.
Palavras-chave: Naturalismo ético. Objetividade da moral. John Searle. Naturalismo biológico. Ontologia social.
Seminários de Investigação MLAG 2022/2023: https://ifilosofia.up.pt/activities/seminarios-de-investigacao-mlag-2022-2023
Organização:
André Silva
Avelino Costa
Daniel Pires Nunes
João Faria e Silva
José Xarez
Marcondes Rocha Carvalho
Maria Maia
Rafael Padilha
Raul Vasques
Ricardo Serrado
Sâmara Costa
(Estudantes de mestrado e doutoramento de Filosofia da FLUP)
Mind, Language and Action Group (MLAG)
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto – FIL/00502
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)