21 de março 2023 (terça-feira) | 10h30 | Online

Sessão 9 

Representação e relativismo na antropologia contemporânea 

| Rafael Antunes Padilha (Universidade do Porto / IF)

Resumo: A antropologia cultural se preocupa principalmente com a análise conceitual. No entanto, ao lidar com “unidades de pensamento”, esta ciência social historicamente privilegiou o ponto-de-vista local, particular e relativo em suas descrições. Em si, isto não é um problema. No entanto, nenhum debate teórico tem gerado tanta controvérsia e sentimentos acalorados na disciplina quanto o caminho escolhido pelo grupo de intelectuais da chamada “virada ontológica” para superar o dilema do relativismo. De maneira geral, antropólogos “ontologistas” defendem uma guinada (alinhamento) em direção aos processos de teorização e categorização de entidades pelos povos tradicionais e não-ocidentais como contraponto ao discurso político-científico do Ocidente. Adicionalmente, tal viragem aspira ser uma alternativa aos enfoques positivistas e hermenêuticos nas ciências sociais. Seus proponentes procuram entender como o mundo se parece para alguém a quem a existência de certas entidades (como Deus, unicórnios e espíritos) não é uma questão de crença. Em outras palavras, dizem ser etnologicamente equivocado afirmar algo como “o grupo local L acredita que os porcos são humanos”. Procuram construir a partir da base, ou seja, a partir de experiências de trabalho de campo, uma antropologia capaz de fazer sentido às descrições na forma: em vez de dizer que L acredita que os porcos são humanos, devemos nos comprometer com uma descrição que diga “para eles mesmos, os porcos são humanos”. Considerando o problema e a sua recepção por parte da comunidade de filósofos das ciências sociais, apresentarei o estado atual da controvérsia e as possíveis soluções apresentadas às questões subsequentes por meio de três trabalhos: Metafísicas Canibais, do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro, A Virada Ontológica — Escola ou Estilo? do professor de Cambridge, Paolo Heywood e o artigo The Ontological Turn revisited: Theoretical Decline. Why cannot ontologists fulfil their promise? do filósofo tcheco Martin Palecek.

Seminários de Investigação MLAG 2022/2023: https://ifilosofia.up.pt/activities/seminarios-de-investigacao-mlag-2022-2023

Organização:
André Silva
Avelino Costa
Daniel Pires Nunes
João Faria e Silva
José Xarez
Marcondes Rocha Carvalho
Maria Maia
Rafael Padilha
Raul Vasques
Ricardo Serrado
Sâmara Costa
(Estudantes de mestrado e doutoramento de Filosofia da FLUP)
Mind, Language and Action Group (MLAG)
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto – FIL/00502
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)