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O relativismo e a questão da verdade | Sofia Miguens no 35.º Encontro de Filosofia


Published at 17/02/2021

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    Modern & Contemporary Philosophy
  • Research Group


    Mind, Language & Action
  • 20 de fevereiro 2021 | 15h15 | Online

    35.º Encontro de Filosofia

    Filosofia e responsabilidade epistémica

    Associação de Professores de Filosofia

     

    15h15 Conferência e debate

    Sofia Miguens, Universidade do Porto

    O relativismo e a questão da verdade

     

    Resumo: São muitos os filósofos que nos tempos que correm, sentem uma apaixonada necessidade de falar em público contra o relativismo acerca da verdade. Vale a pena neste contexto olhar de novo para o caso do pragmatista americano Richard Rorty (1931-2007) que aparentemente defendeu tal relativismo. Tendo sido treinado na tradição analítica, moveu-se a certo ponto para fora dessa tradição, criticando-a. Tornou-se mesmo uma “bête noire” para os filósofos analíticos com a sua proclamação de uma ‘pós-filosofia’, que viu como resultado de um pragmatismo levado até às últimas consequências. A “Filosofia e o Espelho da Natureza”, de 1979, é central na obra de Rorty. O livro é um manancial de interpretações extremamente polémicas da história da filosofia, focando autores que vão desde Locke e Kant a Wittgenstein, Heidegger, Quine, Davidson, Gadamer e outros. Mesmo se as leituras de Rorty são criticáveis do ponto de vista da história da filosofia (foram aliás criticadas pelos próprios ‘interpretados’, como é o caso de Davidson, relativamente à teoria da verdade), o conjunto é uma visão desafiadora do estado da filosofia no século XX tardio. Globalmente o livro pretende ser uma crítica à ideia de conhecimento como representação de uma natureza que seria ‘dada’ e da ideia de mente como ‘espelho’ dessa natureza. A intenção de Rorty vai no entanto além da crítica a formas de fazer epistemologia e filosofia da mente: ele ambiciona encontrar um novo lugar para a filosofia na cultura, possivelmente já não chamado ‘filosofia’ (era também essa a sugestão de Heidegger). A finalidade é caracterizar algo como ‘uma cultura intelectual pós-epistemológica’, acima chamada ‘conversa da humanidade’, que persiste uma vez afastadas as presunções de um discurso de comensurabilidade racional universal de todos os discursos. Mas tomemos como fio condutor para um percurso pela obra de Rorty o facto de ele se ver acima de tudo como um pragmatista; tudo aquilo que faz é um retirar de consequências do pragmatismo. Convém ter claro que outros pragmatistas atuais – por exemplo Putnam, ou Susan Haack (cuja versão de pragmatismo é particularmente inspirada por C. S. Peirce), rejeitam absolutamente as consequências que Rorty retira do pragmatismo. Eles pura e simplesmente rejeitam que o pragmatismo conduza a doutrinas relativistas como as avançadas por Rorty, ou às posições sobre verdade e objetividade que ele defende. Vêem o pragmatismo como sendo, desde sempre, uma tentativa de compreender a natureza do inquérito racional – Rorty seria cínico ao não reconhecer este facto, e ao lançar o inquérito racional pela borda fora.

     

    Programa completo: https://apfilosofia.org/eventos/35-o-encontro-de-filosofia-filosofia-e-responsabilidade-epistemica/

     

    Mind, Language and Action Group (MLAG)
    Instituto de Filosofia da Universidade do Porto – FIL/00502

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